A vida sempre se apresentou a mim entre pulsos e impulsos, mas, jovem, aprendi a domestica-los, a canalizar ou silenciar os afetos, os sentidos verdadeiramente humanos, assim me tornei açude, um rio represado por si próprio. Até que a morte me apresentou enquanto fim, vazia, fria. Desde então, reaprendi a dar vida as pulsões mais sublimes, aos sentimentos vitais, reais, o rio deve seguir seu curso natural. Ainda que sutilmente, carrego, então, algo visceral, tímido por vezes, a procura de espaços oblíquos em que sobressaiam as paixões, as angústias, as lágrimas. Desde então, as palavras me acompanham, como água corrente da vida em vida. Por vezes se desvia, as vezes se desperdiça, mas nunca se deixa fluir. Porque assim é a vida, dinâmica, fluida, eterno devir, um retorno cotidiano do “vir a ser”. E assim, agora, encontro um outro grande rio, fluido, completo, imenso, sabe para onde ir e vai, desfila, com elegância e sabedoria, sua fluvialidade, sua leve calmaria. E assim me misturo, sem medo, em águas coloridas, cheirosas e de sabor ímpar. Eis meu caminho. Não sei aonde vai chegar, mas vou, e assim me fundo, me vaporizo, me solidifico!
Caio Resende
Apenas
um
homem
cansado
à
procura
de
abrigo.
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